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Criolo e Emicida


Meu treinador é Deus
Me escalou pra jogar
Olhou pro banco e disse:
Zica, vai lá!
Cumprimentei os meus
Me benzi pra atacar
Lembrei da frase ali:
Zica, vai lá!
No embalo dessa letra começou o show de dois monstros do hip hop nacional, Emicida e Criolo. Domingo, 14/07, eu, Daniele e Guilherme estávamos colados na grade cantando as músicas uma por uma e admirando a performance de toda a equipe no palco, desde os principais, passando pelas participações de Rael da Rima, Dj Niacky, Evandro Fioti, até a banda e os backing vocals.
O show diversas vezes apresentou uma melodia envolvente, com forte influência do samba e do reggae, onde a platéia acompanhava com palmas cadenciadas e gingava como podia no espaço que havia ― apesar deu não ter sofrido sequer um empurrão, o que o primeiramente me gerou espanto e depois alegria, de perceber a educação das pessoas que ali estavam.
Vamos embora para Bogotá
Muambar
Muambei
Vamos cruzar Transamazônica
Pra levar
Pra freguês
Vai ser melhor do que em Pasárgada
Agradar
Até o rei
http://youtu.be/u_d3qAqroK0?t=21s
Mas se você pensa que a descontração do ritmo transformou o show num pagodinho monossilábico medíocre, se engana! Fazendo jus ao rap nacional foram cantados clássicos como Grajauex, Não existe amor em SP, Lion Man, Nó na Orelha, Dedo na ferida, Rua Augusta, Triunfo, A rua é nóiz, além de homenagens como: Capítulo 4, Versículo 3 (Racionais), Rap é Compromisso (Sabotage), entre outras.
As letras descrevem o cotidiano das pessoas normais, que muitos consideram como "a vida na favela" mas que na verdade acontece também fora dela. E para quem ainda não percebeu, o rap evoluiu e a nova escola ― que traz sincero respeito pela velha guarda, como: Racionais, Sabotage, RZO, Thaíde ― levanta novos temas, situações, aspirações para o rap, além de palavras de apoio para quem vive uma batalha diária, pro garoto não desistir de seus estudos e pegar o caminho mais fácil (crime), perseverar no seu sonho, respeitar seus pais e não se envolver com drogas.
Emicida é muito criticado por fazer esse novo estilo de hip hop, que alguns insistem em dizer que está mais "pop", fazendo com que uma parcela ― idiota ― das pessoas intitulem-o como "vendido", que faz música para os "boyzinhos" lotarem seus shows. Podemos responder a esses argumentos infundados com uma frase do próprio: "E os faladores falam, toda vez / Têm problemas comigo, não, os problemas tão com vocês" e pra completar: "Filho, vê se não arrasta!" (Criolo).
Não escolhi fazer rap não, na moral
O rap me escolheu porque eu aguento ser real
Como se faz necessário, tiozão
Uns rimam por ter talento, eu rimo porque eu tenho uma missão
Odeio vender algo que é tão meu
Mas se alguém vai ganhar grana com essa porra, então que seja eu
E os que não quer dinheiro, mano.. é porque nunca viu
A barriga roncar mais alto do que eu te amo
Eu vi minha mãe, me jogar dentro do guarda-roupa trancado
Era o lugar mais seguro, quando a chuva levou os telhado
E dizia, não se preocupa.. chuva é normal
Já vi o pior disso aqui, ver o bom hoje é natural
E o justo, então antes de criticar quem cê vê trampar
Cala boca e pensa, quantas história cê tem pra contar
Falar que ao dizer ''a rua é nóiz'' pago de dono da rua
Desculpa, eu vivo isso e a incerteza é sua
Se você não se sente dono dela, xiu não fode!
E antes de escrever um rap, me liga e pergunta se pode

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